1 de julho de 2012

Lembranças



E eu me lembro da gente, sentados na mesa sempre sinto esse cheiro de café no ar. Lembro das risadas que dávamos, dos abraços apertados, dos puxões pela cintura, dos beijos no pescoço. Lembro-me de você perdendo a linha. Lembro-me de nós deitados no chão sem folego de rir. Do gosto da sua boca e eu sem saber se é amor. Das suas manias bobas, do quanto somos diferentes, do quando somos imperfeitos, do quanto somos reais. Do palpitar forte no peito, das pupilas dilatadas. De quando eu ficava doente, e você me abraçava, depois de quase me matar sem ar. De você chorando. Me lembro do quanto tudo isso é bonito. Lindo, se não fosse trágico. Trágico por esse amor ser idiota, ser sem nexo algum. Trágico sim, cômico, animado, maduro, pateta, besta tanto quanto nós rindo da cara do outro. Das caretas, das piadas. Das idiotices. Esperei tanto pra ouvir um eu te amo de verdade...Tanto, que hoje em dia, nem sei se eu quero ouvir promessas, prefiro que peguem na minha mão e me levem pra viver do que prometer uma vida toda do meu lado e virar as costas, ir embora. Tantas decepções eu já vivi. Desiludi. Cresci. Mãe, me ensinaram a viver, a beber, a fumar, a dançar, a sorrir, eu cresci, com você. E me lembro de tudo. Não me esqueço de nada. Muito menos de você.